quarta-feira, 20 de maio de 2009

Tempo além do tempo

Quero tempo de viver,
preciso de tempo,
de muito mais tempo,
porque um dia saís-te de mim
e leváste-me o meu tempo.
Por distanciação no tempo
e sem vontade expressa,
apoderáste-te do meu tempo,
o tempo alegre,
o da compaixão,
o do convívio
e da compreensão!
Hoje vivo outro tempo:
o tempo do inconformismo,
e o tempo que gira
em meu redor,
que é o da incompreensão,
o da marginalisação,
um tempo sem clarificação
e sem qualquer temporalidade!

Eu, que até dominava o tempo,
perdi assim de repente
todo o meu querido tempo.

Pela paixão
recriei um outro tempo,
tempo de sentir,
tempo de amar e florescer,
mas ainda e sempre de saudade
por vezes de solidão:
- é o meu tempo moderno,
assaz emotivo,
também de compensação,
mas em simultâneo
um tempo gélido
por ser tempo de incompreensão,
tempo de descriminação,
que eu devo compreender,
mas que tanto afecta
meu tempo de viver!

Odeio agora o tempo,
aquele que eu não temia
o mesmo que eu dominava!

Agora fragmento o tempo
para o preencher e aceitar,
e juro que nunca
mas nunca
me deixarei por ele dizimar,
pois é um tempo que entristece
e por vezes me faz calar.

Refugio-me silenciosamente
no tempo dos meus silêncios,
deixando-me assim dominar;
assim controlo o meu tempo,
o tempo que me vai restando
mas que sempre me estimula
incentiva e agiganta
na procura de um novo tempo,
tempo de nova vida,
de afeição, e ternura,
tempo de concórdia familiar,
tempo de criatividade,
tempo de inovação de sentimentos,
tempo de humanismo
e de aproximação vital
entre todos os nossos tempos.

Suplico apenas,
mais tempo de viver,
um tempo de sublime vivência,
ou serei forçado a inventar
um pouco mais de tempo
além do meu actual
mas tão curto
e tumultuoso tempo!...

António Luíz ( 21-05-2009)