quarta-feira, 15 de julho de 2009

DESCOMPRESSÃO

Procuro compensar a azáfama,

o bulício brutal vivido

com o pandemónio do stress laboral;

o polegar firme

e a polpa do indicador

pressorizam minhas têmporas,

deixo que o índex se estenda

por toda a minha fronte,

cotovelo esquerdo sobre a mesa,

rodo o pescoço

sinto-o estalar e ranger

provocando dor surda

por estiramento muscular;

sobrelevo os ombros

despertando dor aguda nos trapézios,

assim permaneço alguns segundos

aceitando dor crucial por intencional;

dentro em breve atingirei

tranquilo relaxamento funcional!

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Olhos ainda cerrados, visão dourada,

mar azul em ilha deserta;

a cabeça ainda lateja em torpôr,

mas é silenciada a ansiedade,

vai-se esbatendo a intolerância,

deixo escorrer a fadiga,

regressa o possível discernimento,

e os neurónios mostram-se felizes

por gradualmente poderem retomar

a fisiologia primária em suas sinapses!

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Olhos agora entreabertos,

tranquilo , e com alguma serenidade

introspectivamente assumo:

- terei por certo escapado ao infarto,

mas não ao absurdo stress profissional!

- Como se pode assim louvar o trabalho?

DESCOMPRESSÃO

domingo, 12 de julho de 2009

ANIVERSARIO

Sessenta anos;
sonhei festejá-los com a Amizade,
o companheirismo, a Felicidade,
mas não deu.
Aniversário (quase) solitário:
existo eu e os meus sonhos,
e tantos silêncios tristonhos,
mas conforto quanto basta
pela surpresa da Susi (!)

Sessenta anos;
recusei convívio de " amigos",
em festejos tradicionais,
não por estafado capricho ,
nem por simples teimosia,
mas apenas porque teimam
em não respeitar meu presente,
em não aceitar uma vida,
"Vida de paixão e tormento",
que só a mim me estrutura
e me diz absoluto respeito!

Sessenta anos;
apenas quiz mostrar a todos
com bom senso e galhardia,
que estou vivo, muito vivo,
cultivando a chama da alegria,
entre tantos desenganos...

António Luíz, 08-09-2008

terça-feira, 7 de julho de 2009

DO INICIO AO PRENUNCIO DO FIM

Um dia, subitamente,
como já não o visse há anos,
olhei o mar!
Vi-o sereno, tranquilo, condescendente,
e sobre ele uma brisa ténue e fugidia,
e nela dançavam radiosas borboletas,
felizes no seu vai-vém,
como se pincelassem rabiscos coloridos
em tela imaginária!...

Naquele mar eu vi ternura,
estremeci pleno de vida,
gritei pojante pela paixão,
e decidi aventurar-me numa viagem,
feita de embalo e regozijo,
pois por certo eu perderia
as garras de sangue da solidão!

Valeria sempre a pena humana aventura,
um tão fácil e imperdível navegar,
sobre um mar sereno, de paz onírica,
ja que impensável seria naufragar!...

Parti agarrado ao leme,
qual comandante eufórico e feliz,
mas a viagem não foi longa,
por absurda intempérie descomunal,
e a um porto vizinho tive que encostar,
dado o iminente risco de naufragar!...

Hoje há um cais de subtil amarração,
não vislumbro as dançarinas borboletas,
mantenho-me seguro em cais de abrigo,
esperando sonhador por nobre brisa,
que me alcandore e me submeta
às Leis da bela Natura,
mas também da confiança e do amor!


Antonio Luíz ( 07-07-2009) - VN Gaia