terça-feira, 17 de agosto de 2010

ENQUANTO ALMOÇO ( na Pizza Hut )

Vejo pessoas passando,
umas próximas conversando
outras mais longe sorrindo,
a vida flui, a paz impera;
vejo pessoas com cores vestidas,
belas, por vezes garridas,
que a vida não é bicolor,
nem eu desejo que o seja!...
Vejo pessoas que dançam
aqui na rua à minha frente,
ao som de bombo africano
que tanto me diz e alegra;
vejo aqui ao meu lado
criança feliz e bendita
pedindo ao pai "cavalitas",
que me comove e enternece.
...........................................
Olho de novo a rua
vejo pessoas normais,
sempre passando, vivendo,
tocando-se, ou de mãos dadas!...
..........................................
Tenho saudades das tuas,
que me deram amor, ternura,
e que das minhas tanto precisam
P´ra saciar a desventura!

(Antonio Luíz, 07-08-2010)

ENCRUZILHADA DE TEMPOS

Viajo na estrada,
ao volante da subconsciência,
viajo no meu tempo,
entro no meu Eu,
num lamaçal que me não larga,
mas não me imobiliza;
Aos olhos enevoados
assumem frias lágrimas,
entrelaçam-se pensamentos...

...mas naquela tarde que disseste?
- Que bebi um trago a mais por estar feliz?
...não, é óbvio que não foi!
- Ou por ser distraído?
...quero aceitar que não, ou talvez!

Mas em consequência da "injúria"
o que fizemos um ao outro?
Criamos enorme distância
derrubamos nossos muros de veludo!

Mas o que deveríamos dizer
ou já ter dito um ao outro?
Que por força da incompreensão
e da marginalidade de alguns
poderíamos beber um copo a mais,
todos os dias,
e deixar-nos fluir na solidão?!
Mas não, isso não,
produziria estígmas, maus sinais,
corroeria nossas aparências,
e apesar de ser óbvio e humano
de forma lúcida rejeitamos...

...Sigo a doutrina pragmática
que em boa verdade ensina,
que mais vale "in concreto" ser
que por falsa verdade parecer,
e sobretudo quando amamos!

(Antonio Luíz, 05-08-2010)

TURBULENCIA EM FIM DE FÉRIAS

De súbito, quando menos se esperava,
ao cabo de férias solarentas,
instalaram-se penumbras e sombras,
dos olhos brotaram cascatas de água,
abateu-se o silêncio, a desilusão
sobre nossas vidas,
sobre um grandioso sonho,
que se gorou esfumando-se
como um enorme transatlântico
desaparecendo lá longe no horizonte!...

...Há um vácuo, um estridente vazio,
um espaço turbulento sem nada,
em nosso quarto ainda ferve amôr
apenas de outrora;
mas hoje vingam invernos gélidos
de saudades, e vigoram sonhos
de mágoas cataclísmicas que doem e ferem
como pesadelos!...

...O silêncio extingue-se na nossa mudez,
vai-nos separando por demais;
entre nós há farrapos de lembranças
que tentam reagrupar-se
procurando recriar correntes
de espesso fio, ou corda ou aço;
- mas que importa?
Vencerão esta chuva tão ácida?
Resistirão por absurdo ao tempo,
enquanto um disforme transatlântico
De novo regresse
Repleto de ilusões,
ou de novas promessas de amor
a qualquer hora da madrugada?...

...Assustam-me tamanhas incertezas!...

( Antonio Luíz, o4-08-2010 )

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

PENSAMENTOS FORÇADOS

I - Com decisão temporária:
" Autodemiti-me do amor,
porque há muito prometi fazer-te feliz,
e tu não o tens permitido".

II - Com decisão definitiva:
"Destruí em mim o amor,
porque acreditei que me farias feliz,
mas tu com ingénua teimosia
dilaceraste um coração por ti perdido".

III - Com ultradecisão (platónica):
"Apesar do amor ausente
serei à hora da morte um lutador,
invulgar combatente
para a génese de um amor eterno,
mas secretamente!"

(Antonio Luíz, 09-08-2010 -
in Poesia pragmática : poemas de Vidas , a publicar 2010).

BEBER ( ou porque bebo )

Bebo consciente,
p'ra me libertar da solidão,
aquela que paira dentro de mim;
Bebo p'ra me sentir feliz,
ou porque me encontro feliz;
.............................................
bebo porque sou livre,
e nunca p´ra me apoderar da liberdade!
.............................................
bebo p'ra compreender o ser humano
que tanto me desilude,
bebo p'ra sentir de forma efémera
que o mundo afinal é feliz
e que ele permite por instantes
que meus sonhos sejam viáveis!
..........................................
mas bebo porque sou livre
nunca p'ra me apoderar da liberdade!
..........................................
bebo p'ra fugir à rotina
que me desnorteia e trucida,
mas não bebo por paixão
ou sequer por dependência;
Bebo por lúcido desafio
P´ra sentir que vale a pena a Vida;
bebo p'ra sentir que há um amigo
ao dobrar de cada esquina,
bebo p'ra mitigar a tristeza
e compensar a incredulidade,
o desamor e a frustração!
..................................
Mas juro que acima de tudo
bebo porque sou livre,
não p'ra me apoderar da liberdade
nem viver o desvario
de uma qualquer perversa emoção...

(António Luíz, in Poesia pragmática / Poemas de Vidas
- próxima publicação )