segunda-feira, 27 de setembro de 2010

REPOUSO NO CAIS DO FREIXO

Gozo a esplanada do Freixo
onde sacio fome e sede,
mesmo ao lado da ponte guardiã;
nela passam objectos móveis
carregados de desejos
e também de ilusões...
..........................
Para lá da ponte
um sol portentoso
reflecte-se nas águas do rio,
criando foco de luz imensa:
- o Douro ilumina e aquece
este momento de fim de tarde
de uma terça feira,
após tarefa clínica em Resende,
curta mas assaz prazenteira;
Passa um barco
lotado de viajantes,
e dali a pouco
no frenesim do lanche retemperador,
apenas resta um ponto
lá longe, no fim do rio
que o sol ferindo os olhos
mal permite disfrutar!
.............................
Nesta atraente esplanada
a música de fundo continua
suave, mas bem batida,
contrariamente a meu coração
tranquilo, bradicárdico...
Observo um yate imóvel
um pouco à minha direita
mas que em nada me seduz;
...sobre moderna mesa
de tampo negro,
contrastando o branco das cadeiras,
esvazio paulatinamente
um copo de cerveja
a que hoje não soube resistir!

(Antonio Luíz, 07-09-2010 )

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

CAOS



C A O S

( A propósito duma pintura de Raul Cardoso )




Em plataforma distal
deste intenso e sublime status,
existe hirto um vulto
estupefacto e passivo,
mantendo cordão umbilical
a tão possante mas aprazível
emaranhado de traços e cores;

Mas a harmonia cola-nos à tela....

Sigo linhas curvas e rectas,
espaços variegados com surdas vidas
aglomeradas, que gemem,
na lufa-lufa do ditame quotidiano,
espremidas na pressão dos desejos
e anseios em auto-desespero;
outros espaços não enxergo
mas sinto-os no âmago dos pincéis
e onde capto pensamentos velozes
em busca de libertação,
tentando a fuga às convulsões febris
de uma luta vital diária,
quantas vezes crispada e desumana,
que fatalmente nos distanciam
do humanismo e da glória,
mergulhando-nos
e sucumbindo-nos na auto-exortação
que tolamente nos empurra
para a vaidade e autodestruição!
Há quadrados triangulóides
e triângulos quase quadriformes,
mas também vejo formas losângicas
com cores de anjo, e também de luto!

Nesta amalgama de conflito e ilusão,
vejo barcos de rio, e talvez navios
a quererem in extremis cruzar
Louca e teimosamente
águas revoltas de outros mares.....

Fantasio aeronaves,
seguramente um dirigível
aguardando movimento proximal,
para fuga talvez tresloucada
a tão consciente imobilidade....
Não vislumbro traços de animais
ou sequer sinais divinos;

Quando o Caos assim nos domina,
temos ali as cores da esperança
e dum fluxo vivo e arrojado,
colorido de particulas de arco-íris
que se adivinha ou
se deseja ver nesta cativante tela
Que nos alimenta os sentidos
e nos afeiçoará às batalhas humanas,
em busca do equilíbrio emocional
mesmo que imperceptível
por detrás de tão pedagógico Caos!



( Antonio Luíz, in “ Poesia pragmática: poemas de Vidas” - a editar em 2010/11

escrito em 17-09-2010 )

terça-feira, 7 de setembro de 2010

À BEIRA DOURO

Gozo a esplanada do Freixo
onde sacio a fome e sede,
mesmo ao lado da ponte guardiã;
nela passam objectos móveis
carregados de desejos
e também de ilusões;
para lá da ponte
um sol portentoso
reflecte-se nas águas do rio
criando um foco de luz imensa:
- o Douro ilumina e aquece
este momento de fim de tarde
de uma terça-feira
após tarefa clínica em Resende,
curta mas prazenteira!
Passa um barco
lotado de viajantes,
dali a poucos minutos
apenas um ponto restará
lá longe, no fim do rio,
que o sol ferindo os olhos
mal permite vislumbrar...

...Nesta atraente esplanada
disfruto a música de fundo
que continua suave,
mas bem batida,
contràriamente a meu coração,
que vou sentindo tranquilo,
com batimentos bradicárdicos!
...Observo um yate imóvel
um pouco à minha direita,
mas que em nada me seduz;
...Sobre a mesa de tampo negro
contrastando o branco das cadeiras,
esvazio paulatinamente
um copo de cerveja,
a que hoje não soube resistir!...

(Antonio Luíz, "Poesia pragmática: poemas de Vidas",
a editar ainda este ano ( 07-09-2010).