sexta-feira, 29 de outubro de 2010

FIM DA ILUSÃO

A morte acontecera e
na Eucaristia de corpo presente
faz-se o prelúdio
(com sons de violino pungente),
da entrega à terra do corpo e da alma
já sucumbidos, já sem ilusão.
Após 23 anos de sofrimento
em quase total alectuamento
pós acidente trombótico cerebral...
...acabára-se a ilusão!
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Agora, a fatal dicotomia fragmentária:
- o corpo descerá à terra
e a alma voará para a vida eterna!
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Talvez que para os eleitos
a ilusão não termine naquele momento
mas por certo longinquamente,
pois que a morte à vida pertence
e esta se comporta ad eternum
como doença assaz incurável
que um dia a própria morte vencerá.
Obviamente que a esta condenação
jamais alguém fugirá!
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Aceitemos pois sem alternativa
que não há mais ilusões
além da fatídica morte.
Homenageemos capazmente a vida
- e assim se fez naquela noite -
se quisermos adiar
em total consciência
o fim da nossa vital ilusão!

( Antonio Luíz, Outubro-2010 ;
in "Poesia pragmática: poemas de vidas", a editar em 2010/2011)