domingo, 13 de fevereiro de 2011

CONVERSA COM O DESTINO

Quero que saibas
tu que te vanglorias,
desassombradamente,
que tens na mão os passos dos meus dias,
que vou andando
por vezes com a percepção
de viver em roleta russa,
deixando-me reagir
ao sabor da espontaneidade,
é obvio comandada por irrascibilidade,
resvalando por vezes
numa quase irracionalidade;
então, sei que sou injusto
ou talvez mesmo ingrato
p'ra quem comigo partilha a Vida,
apesar de nem sempre tão próximo
quanto eu preciso e desejaria!
........................
Mas tu, sim só tu,
reservaste-me tais vicissitudes
que eu vou compensando
com espasmos emotivos,
absurdamente só meus,
pois deles dependo inexoravelmente,
mas não tão frequentes
quanto eu desejaria!
.........................
Quero que saibas
que me sinto só, mesmo muito só,
temo que a vida se fragmente,
se esfarrape ao segundo;
em consciência vou contrapondo
pequenos laivos de felicidade
que encontro fugaz em tudo
o que eu olho e palpo,
rebuscando meu equilíbrio e
de novo mergulhando em meus silêncios.
Quero que saibas que
nesta brutal carapaça,
colete-de-forças que me esmaga,
assim vou vivendo,
até que um dia eu diga: basta!
.........................
Quero que saibas
que, tolerante, anseio de ti:
ou oportuno e vital conselho
p'ra que domine o constrangimento,
a ânsia e toda a incerteza,
ou então que me confesses
quais os caminhos da planície serena
e sua luz infinita e misericordiosa,
ou os da savana da escuridão perfeita!

(Antonio Luíz, 12-02-2011 )