quinta-feira, 3 de outubro de 2013

TEU CORPO EM FORMA DE CORAÇÃO

No balanço daquela onda calma,
vejo sombras teu corpo em rebelião
de tão impulsivo; mas logo domino a alma
pois vejo-o em forma de coração.

Vagueio perdido pela noite adentro,
vou caminhando tropeço na solidão;
Pseudo-imagens de ti eu esventro,
mas só encontro formas do teu coração.

Oh loucuras demais eu tanto invento,
projetos eróticos dissipam-se no vento:
diz-me que sim amor, jamais digas não!

Mas olhos nos olhos então sentiremos
que a Vida é justa e então gritaremos:
-também há sorrisos em forma de coração!


(António Luíz, 2013. Soneto que deu origem à Canção interpretada pelos DOCK'S
com o título " EM FORMA DE CORAÇÃO " - VIDÉ in YouTube )

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A SELVA DA PAIXÃO ( soneto )

A águia encolheu as garras, e é agora uma andorinha, mas voa sem ter amarras à vida que ainda é minha! Sou lobo mas não matreiro, não fujo de tempos maus, sou por vezes dócil cordeiro a quem atiram varapaus! Depois do amor da andorinha vem o pior ódio da águia: - a vida de guerras se constrói! Do cordeiro não há rasto, e o lobo então se agiganta: - luta, pois o amor não se destrói! António Luíz - Agosto de 2013

ALMA EM ESTERTOR

I - Como um peixe que se agita fora de água, como animal ofegante em matadouro, assim está minha imensa mágoa, por não te ter em meu ancoradouro. II - Como um touro cravado em sua lide, como raposa presa em ratoeira, assim é o desespero que me agride, por não te ter dócil e matreira. III - Há um vazio cruel em meu peito, as noites são tão longas e temerosas, meu querer se incendeia contrafeito, vagueio em sonhos sobre vagas alterosas! António Luíz - Agosto de 2013

sábado, 23 de julho de 2011

A MULHER E O MAR ( Parceria)

M u l h e r ,
Oiço o bater das ondas do teu mar,
e vejo-te lá longe ténue pairando
sobre as vagas imponentes do teu mar!...

- sei que é fugaz alucinação,
mas que me mata a sede e fome
de tanto te querer ver
e de te ter.

Mulher despida mas envolta em teu mar,
que tu iludes e que tanto enfeitiças,
e quão decidida e brutal o enfureces
pra que eu nunca te possa chegar!

Mulher imensa, mulher majestosa,
prenha de esperanças
e fazedora de vidas,
não castigues teu mar
que por ti é doce e pacato!

Mulher desavinda, mulher de fervor,
sossega o teu mar
dá-lhe todo o teu encanto,
pra que eu por fim te aconchegue,
sereno, cheio de amôr e recato!



( Antonio Luíz, 19-07-2011;
declamado na sessão da ONDA POÉTICA
de Espinho, Biblioteca Munic. José Marmelo e Silva, em Espinho,
em 20 de Julho de 2011 ).

A MULHER E O MAR (Interdependência)

Mulher,
deita as lágrimas ao teu mar,
que revoltoso anseia amôr e calma,
Mulher,
verte angústias em teu mar,
que furibundo ruge e quer tua alma.


Mulher,
solta pesadelos em teu mar,
que o mar é imenso, assim o dominas,
Mulher,
naufraga teus sorrisos em teu mar,
que nele te refletes e nele te fascinas.

Mulher,
acaricia as ondas do teu mar,
que ele se entrega e te venera por inteiro,
Mulher,
toca a espuma limpa do teu mar,
qu' ele te dá dela a essência do seu cheiro.

Mulher,
banha-te plena em teu mar,
que dele bem conheces a intimidade,
Mulher,
comunga teus ideais com teu mar,
pois ele te prolonga e te dá solenidade!


(Antonio Luíz, 19-07-2011; declamado
na Biblioteca Munic. de Espinho, em 20-07-2011, em
Sessão da ONDA POÉTICA de Espinho).

domingo, 13 de fevereiro de 2011

CONVERSA COM O DESTINO

Quero que saibas
tu que te vanglorias,
desassombradamente,
que tens na mão os passos dos meus dias,
que vou andando
por vezes com a percepção
de viver em roleta russa,
deixando-me reagir
ao sabor da espontaneidade,
é obvio comandada por irrascibilidade,
resvalando por vezes
numa quase irracionalidade;
então, sei que sou injusto
ou talvez mesmo ingrato
p'ra quem comigo partilha a Vida,
apesar de nem sempre tão próximo
quanto eu preciso e desejaria!
........................
Mas tu, sim só tu,
reservaste-me tais vicissitudes
que eu vou compensando
com espasmos emotivos,
absurdamente só meus,
pois deles dependo inexoravelmente,
mas não tão frequentes
quanto eu desejaria!
.........................
Quero que saibas
que me sinto só, mesmo muito só,
temo que a vida se fragmente,
se esfarrape ao segundo;
em consciência vou contrapondo
pequenos laivos de felicidade
que encontro fugaz em tudo
o que eu olho e palpo,
rebuscando meu equilíbrio e
de novo mergulhando em meus silêncios.
Quero que saibas que
nesta brutal carapaça,
colete-de-forças que me esmaga,
assim vou vivendo,
até que um dia eu diga: basta!
.........................
Quero que saibas
que, tolerante, anseio de ti:
ou oportuno e vital conselho
p'ra que domine o constrangimento,
a ânsia e toda a incerteza,
ou então que me confesses
quais os caminhos da planície serena
e sua luz infinita e misericordiosa,
ou os da savana da escuridão perfeita!

(Antonio Luíz, 12-02-2011 )