terça-feira, 25 de janeiro de 2011

RIO EM DESESPERO

Corre rio corre,
corre desenfreado,
a brutal enxurrada
descaracterizou-te,
embruteceu-te;
Levas vidas que afogas
diabolicamente,
porque tudo inundas
além do teu leito que te não basta!
......................
Fustígas-nos a alma
submissa e impotente,
enquanto olhamos a TV,
visualizando dramáticos confrontos
entre a morte e a vida
de seres vivos despojados,
trucidados
mas sobretudo inocentes!
.......................
Dás crédito à revolta da natureza,
à força incomensurável
dum Planeta bom
que nos acolheu,
mas hoje tristemente abandonado à sua sorte
por culpa de humanos indígnos,
tresloucados,
não merecedores da cohabitação.

Corre rio corre,
corre desesperado,
porque em teu feroz seio
também levas os gritos e lágrimas
dum Planeta que chora
inexoravelmente a sua desdita!...

(Antonio Luíz, 20-01-2011)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

TERMINAL DE DESILUSÃO

Afundo-me na tristeza,
sem as lágrimas convulsivas de outrora,
mas compulsivamente irrascível;
nada mais vale a pena,
não interessa sequer avaliar
porque se demoliu o amôr,
ou porque se esfumou a paixão!
...o fulgor do sol também se esvai,
e o vento ora sopra de rompante
outras vezes porém tão meigo é,
apaziguador, e tão refrescante!
.............................
Hoje, o dilúvio assassino
perturba a doce paz da foz
do meu rio de encantos!...

(António Luíz: Amarante, 13-01-2011 )